quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CIRQUE DU SOLEIL


Fundado em 1984 por Guy Laliberté, um ex-artista de rua, o Cirque du Soleil revolucionou a arte circense no mundo. A companhia que tem sua sede no Canadá já passou três vezes pelo Brasil, emocionando de maneira vertiginosa seus espectadores. Isso porque a trupe realiza um espetáculo inigualável, que mistura técnicas do circo de Moscou, comédia Dell´art e influências do teatro mambembe; além de contar com uma trilha sonora contundente e encantadora (composições exclusivas de cada apresentação, e executadas ao vivo). A beleza dos números é tão intensa que chega a minimizar os perigos que cada talentoso (e porque não dizer  corajoso) artista enfrenta durante sua exibição, mas isso, só para os olhares mais desatentos.

Para a Filosofia, o que mais interessa são as metáforas presentes em cada parte do show, que seguramente não possuem apenas função estética, pois emerge do pensamento não difuso de seus idealizadores. Trata-se de uma obra concisa, uma narrativa imagética que inafugentavelmente transmite uma mensagem. Assim, permite uma abundância de análises críticas das ações e concepções humanas ali representadas, uma vez que os espetáculos, de antemão, se propõem a contar uma história - história essa que não pode deixar de ser fruto da imaginação dos homens, que por sua vez, só podem imaginar a partir da realidade por eles apreendida.
[Destaque para Corteo, Quidam e Midnight Sun.]

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A HISTÓRIA DAS COISAS


Annie Leonard é uma ambientalista norte-americana; com seus estudos, por mais de 10 anos, foi possível produzir documentários estarrecedores como o "Story Of Stuff" (A História das Coisas). Neste, ela deflagra como a atual economia de materiais, adotada pela humanidade para garantir o desenvolvimento das sociedades modernas, é um sistema em crise, que não pode subsistir por muito tempo, pois já está ocasionando a escassez dos recursos naturais e compremetendo toda a forma de vida no planeta. Eis o paradoxo espantoso: o progresso que tanto buscamos, e agora vivemos, é o mesmo que ameaça nossa existência.

Se os dilemas humanos é algo de que se ocupa a Filosofia, então, faz sentido refletirmos sobre o exposto nesse vídeo, o qual, almeja dar ciência do problema  e estimular o pensamento dos homens em busca das possíveis soluções.

Vídeo original disponível em: www.storyofstuff.org

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

HORTON, E O MUNDO DOS QUEM


A história traz o protagonista Horton, que um dia houve um pedido de socorro vindo de uma partícula de poeira que flutua no ar. Preocupado, ele a protege, abrigando-a num dente-de-leão (uma pequenina flor, por assim dizer), pois descobre ali existir uma civilização inteira de minúsculos seres: a Quenlândia. Eles tem tecnologia de ponta, um prefeito e tudo que precisam para viver. Mas não imaginam a infinitude que existe fora de seu próprio mundinho, muito menos ainda, têm ciência da fragilidade de suas vidas.

A relação com a Filosofia se dá no momento em que comparamos o pequeno grão de areia ao nosso próprio planeta, pois, de igual modo, ele é apenas um pedacinho de matéria flutuando no espaço infinito, não é mesmo? Seguindo a analogia, o dente-de-leão poderia ser a nossa galáxia, e Horton, deus.
A animação é do ano de 2008 e foi produzida por Seuss - também escritor. É uma adaptação que suscita questionamentos como: "existe um deus lá fora que ouve e atende pedidos? será que esse deus a tudo controla minuciosamente ou tão somente contempla sua obra como um pintor que acaba de finalizar um magnífico quadro?"

domingo, 5 de dezembro de 2010

MAFALDA

Tira 1
Tira 2

Mafalda, que dá nome ao cartoon criado pelo artista Quino, é uma personagem, que parece saber muito bem que a melhor maneira de filosofar é tecendo questões filosóficas. Aqui, ela irrompe uma reflexão com sua amiguinha Susanita a cerca de qual seria o sentido da nossa existência, ou a função dela. Mas a resposta que obtém não vai ao encontro de seu objetivo, pois a colega, primeiro diz não saber, depois vagueia sem nenhum senso crítico ou lógico (tira 1). Apesar das personagens do cartunista serem concebidas como crianças ficcionais, elas representam os adultos do mundo real, com suas próprias concepções de mundo, seus valores e experiência de vida. A tira 2 sustenta nossa avaliação sobre a personagem central, na qual as retóricas proferidas pela loirinha denotam o caráter filosófico dos questionamentos de Mafalda, e, em seguida, a elocução final revela a discrepância entre aquilo que povoa o pensamento de uma e de outra. A obra, surge então, com efeito educativo para crianças e adultos, além de proporcionar muito boas risadas.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS


O filme de Tim Burton, lançado este ano, faz uma releitura como nunca já vista da obra literária homônima de Lewis Caroll. Desde as primeiras cenas fica evidente o tom filosófico que o autor impõe à narrativa. A rica imaginação da pequena Alice a faz sonhar coisas que ela mesma considera malucas, embora, ao descrever o sonho, o faça com um certo entusiasmo; e impressiona-se ao comparar as possibilidades do mundo real e do imaginado com seu pai; ele, por sua vez, a conforta dizendo que esse é o indício de que ela será uma pessoa maravilhosa. Só esta cena já faz um elo significativo com a filosofia, uma vez que os filósofos não se cansam de dizer que a postura filosófica se assemelha à mente de uma criança, no que tange ao encantamento com o mundo. Em seguida, Alice já adolescente está numa carruagem com a avó; estão indo para a festa de casamento arranjado para a garota, que sequer sabe disso; a avó insiste que ela está inadequadamente vestida, pois não usa o corpete por baixo do traje, nem meias compridas; a menina responde que não gosta do corpete e confronta a senhora: “Quem decide o que é adequado ou não? Se as pessoas decidissem que usar um bacalhau na cabeça é o adequado, você usaria?”; A mulher fica bastante aturdida e Alice completa: “Pra mim, corpete é como um bacalhau”. O que a princípio parece ser simples rebeldia, na verdade, manifesta o olhar filosófico inserido na personagem central, o qual permeia toda a história.