quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS


O filme de Tim Burton, lançado este ano, faz uma releitura como nunca já vista da obra literária homônima de Lewis Caroll. Desde as primeiras cenas fica evidente o tom filosófico que o autor impõe à narrativa. A rica imaginação da pequena Alice a faz sonhar coisas que ela mesma considera malucas, embora, ao descrever o sonho, o faça com um certo entusiasmo; e impressiona-se ao comparar as possibilidades do mundo real e do imaginado com seu pai; ele, por sua vez, a conforta dizendo que esse é o indício de que ela será uma pessoa maravilhosa. Só esta cena já faz um elo significativo com a filosofia, uma vez que os filósofos não se cansam de dizer que a postura filosófica se assemelha à mente de uma criança, no que tange ao encantamento com o mundo. Em seguida, Alice já adolescente está numa carruagem com a avó; estão indo para a festa de casamento arranjado para a garota, que sequer sabe disso; a avó insiste que ela está inadequadamente vestida, pois não usa o corpete por baixo do traje, nem meias compridas; a menina responde que não gosta do corpete e confronta a senhora: “Quem decide o que é adequado ou não? Se as pessoas decidissem que usar um bacalhau na cabeça é o adequado, você usaria?”; A mulher fica bastante aturdida e Alice completa: “Pra mim, corpete é como um bacalhau”. O que a princípio parece ser simples rebeldia, na verdade, manifesta o olhar filosófico inserido na personagem central, o qual permeia toda a história.

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